Propósito

“Você deve determinar para onde está indo em sua vida, porque você não pode chegar lá a menos que se mova nessa direção. A perambulação aleatória não o moverá para frente. Em vez disso, irá desapontá-lo e frustrá-lo e torná-lo ansioso, infeliz e difícil de conviver (e então ressentido, e então vingativo, e então pior).” — Jordan B. Peterson

Estou me sentindo perambulando sem propósito no momento, querendo evitar aquilo que me dá medo, o PhD. Ir para Portugal é um atalho sim para o PhD que eu tanto sonho. Porém, me escondendo atrás de empregos de garçonete e barista, me afasto do objetivo de chegar na minha conquista, naquilo que quero ser lembrada. Me afasto do que dá medo e me faz perambular. Me sinto incapaz. Me afasto do objetivo familiar. É uma luta interna entre o que eu almejei, aquilo que me deram as ferramentas: minha condição econômica me permitiu ter uma boa educação, me permitiram não precisar trabalhar, me permitiram estudar somente. Mas ao mesmo tempo, minha avó, minha mãe, irmã, são todas mulheres totalmente devotadas à família. Onde minha mãe é uma mulher sem “grandes ambições” de trabalho. E por vezes, me pergunto se esse programa de ter sido “treinada” para cozinhar, servir, foi eu que me ensinei ou era apenas o modelo que elas conseguiram me partilhar. Porém, elas me proporcionaram senso crítico. Minha avó foi a pioneira da família, sendo ela que foi trabalhar, estudar na UnB e conquistar profissionalmente para também ser mãe enquanto isso. Eu que apenas conheci a avó aposentada, criadora de netas, que não tinha um trabalho exigente para entregar na segunda-feira. 

Do que eu tenho tanto medo? Medo de me frustrar. Medo de não saber. Medo de frustrar a minha mulher. Medo de ser roubada. Medo de ser a vítima. Medo de ser “esposa troféu”. Medo de ressenti-la por perseguir os sonhos dela e eu me dedicar a ela, e não aos meus sonhos.

Ser pioneira dá um frio na barriga. Não tem receita para desbravar um novo caminho. Não tem um mapa. Não tem fórmula. É apenas o desconhecido.